Mês: agosto 2010

Positivo Alfa

Prezados leitores, essa semana recebi o Positivo Alfa. Sim, comprei esse gadget, afinal leio muito e confesso que essa prática no note/netbook não estava me agradando muito. Meus olhos agradecem.

Desde que vi a primeira matéria que tratava à respeito do e-reader da Positivo Informática, fiquei bastante animado com a ideia de comprar um, mas devido ao preço e a incerteza da qualidade do produto, acabei por esperar os primeiros relatos pipocarem na net para decidir ou não pela compra.

As primeiras impressões após o lançamento até que foram favoráveis à compra. Depois de garimpar pela net os poucos sites especializados que mencionavam sobre o aparelho, alguns vídeos no Youtube e reportagens sobre o novo concorrente nacional do Kindle, o que me encorajou  definitivamente  foi o review da Bia Kunze (Garota sem fio), que sanou minhas principais dúvidas.

Na última quarta-feira minha encomenda chegou. Tratei logo de colocar no bichinho alguns livros que converti para o formato ePub usando o software Calibre, software este que além de gratuito, pode ser baixado par Linux, Mac e Windows. Essa parte relatarei em outro post futuramente.

Numa avaliação preliminar, deixo claro que não vou copará-lo com outros leitores e nem tratar sobre o que já foi amplamente escrito por aí, pois já disseram muito sobre o funcionamento do leitor. Quem quiser saber mais, recomendo o post da Bia e o do Roberto do blog Supercaras. Apenas para deixar bem claro, posso dizer seguramente que o aparelho cumpre o que promete, ou seja, é uma ótima opção para quem está em busca de um leitor digital de livros.

Desde o recebimento do aparelho, fiz todos os testes que pude e li muito. As configurações são muito simples e intuitivas. Basicamente é só acertar data, hora e local. Os livros em formato ePub após a transferência são catalogados e ajustados por data, título, data do download e autor. As funções de busca, dicionário e marcadores funcionam relativamente bem, apesar que não uso essas frescuras. Meu negócio é ler. No meu caso, como possuo uma vasta quantidade de PDF, converti alguns para o formato ePub, formato esse amplamente utilizado para esses aparelhos e que proporcionar uma melhor leitura, digo isso porque ajusta-se o tamanho das fontes sem prejudicar a apresentação na página, o que não ocorre com arquivos em PDF, sendo necessário ajustar a tela de um lado pro outro.

Outro aspecto interessante que surgiu com o lançamento do Alfa é que a Positivo não é a mãe da criança conforme antes anunciado. O aparelho é fabricado na China e diversos países o importaram, sendo que  é encontrado por aí com outros nomes, como o Avant. O único diferencial entre o Alfa com seus irmãos estrangeiros é que a Positivo ocultou algumas boas funcionalidades do aparelho como MP3, wireless e  visualização de imagens para conseguir uma redução de impostos. É uma pena, afinal, ouvir um audiobook ou mesmo baixar  podcasts seria uma ótima pedida. Já adianto uma coisa, o som não é lá essas coisas, mas da pro gasto.

Apesar de ter o produto na mão e já estar usufruindo de uma leitura agradável, não parei de pesquisar sobre o gadget. O Roberto do blog Supercaras, o mesmo do review acima, trouxe em primeira mão a notícia de que era possível substituir o firmware do Alfa, podendo assim ter acesso aos recursos multimídia e algumas funcionalidades que a Positivo retirou. Lembro porém que com essa mudança, perde-se o dicionário Aurélio. Motivado pela curiosidade, mesmo sabendo que perderia o dicionário, o qual não cheguei a usar efetivamente durante minhas leituras, acabei criando coragem e mudei o firmware do brinquedinho. No vídeo abaixo (perdoem-me pela qualidade ruim), pode-se ver o Alfa rodando o  novo sistema. O processo é bastante simples. É necessário baixar o arquivo zipado (75 Mb), descompactá-lo em um cartão Micro SD e nas configurações avançadas, selecionar a opção de atualizar o firmware. As duas opções existentes são espanholas, sendo uma para o modelo Avant da Booq Readers e a outra uma versão customizada e encontrada no fórum NVSBL, sendo que em ambos, existe um pequeno tutorial de como fazer a atualização. Não está disponível porém a língua portuguesa como opção. Mas quem não se importar com o espanhol, já é sem dúvida uma boa opção em vez das demais disponíveis.

Em resumo, posso afirmar que com a mudança, o grande atrativo foi poder executar os arquivos em MP3, isso é bastante útil para quem curte audiobooks.  Outra opção interessante é a de ver fotos no formato JPG e PNG, mas partindo do princípio de que a tela é padrão e-paper  em tons de cinza, talvez a experiência não seja tão agradável. Também não consegui fazer a rede wireless funcionar. Nos produtos vendidos nos outros países, existe essa possibilidade, já com o Alfa, apesar do sistema operacional, que a meu ver é uma variável do Ubuntu, o sistema não encontrou nenhum hardware de rede, apesar da configuração estar presente.

Ter perdido o dicionário Aurélio e 400MB do espaço interno com a instalação do novo firmware não foi um inconveniente, mesmo porque tenho um cartão Micro SD, senti também uma sensível melhora na velocidade do leitor. Realmente abrir livros agora ficou mais rápido. O próprio boot ficou mais esperto. Numa análise mais abrangente, vale a pena atualizar, porém, faça isso se realmente os  recursos forem interessantes para você, afinal, é uma incerteza se a Positivo irá disponibilizar algum dia uma versão mais atual do firmware e com todas as funcionalidades existentes para o Alfa. Lembro porém que  ao trocar o firmware, podem ocorrer  problemas e é bem provável que o equipamento ficará inutilizado. Meu EeePC 701 sabe bem disso. Portanto, faça por sua conta e risco.

Creio que no geral o aparelho é uma ótima opção para quem quer um leitor de livros digitais. É certo que o preço ainda está alto, mas acredito que a tendência é baixar. Bem que o governo poderia dar uns incentivos, pois leitura é educação. Quanto aos livros, existem boas opções no mercado. O que encontrei por aí ainda é caro e possui DRM, mesmo assim existem bons títulos.  Resta saber se esse comércio vai vingar no Brasil e se os preços vão baixar. Existem  alternativas como o PDL e inúmeros sites de  usuários que disponibilizam arquivos em PDF, TXT e RTF, que podem ser lidos em seu formato nativo ou convertidos para ePub, porém é bom ter cuidado com as questões autorais. No mais, o Alfa tem sido uma experiência deliciosa, agora posso levar minha biblioteca para onde eu for, sem me preocupar com volume e peso. Recomendo a todos, realmente valeu a pena o investimento, mesmo o preço do leitor estando um pouco salgado.

Falta de respeito Motorola!

Não quero ser a palmatória do mundo, mas junto-me aos milhares de proprietários do Dext, Milestone e Backflip da Motorola para engrossar o coro quanto a falta de respeito da empresa em relação aos aparelhos nacionais que não receberão atualizações das versões mais recentes do Android (2.1 e 2.2).

Vir com esse papo de que “a empresa busca a melhor combinação de hardware e software para cada dispositivo e toma suas decisões baseadas em uma série de fatores de mercado que depende das negociações com cada operadora”, só demonstra o quanto somos roubados em todos os sentidos, especialmente pelos preços exorbitantes que pagamos tanto pelos produtos quanto para as operadoras.

Ainda bem que não comprei nenhum aparelho com Android, apesar de ter namorado vários modelos existentes no mercado. Prefiro esperar alguma empresa séria e que respeita o consumidor lançar algo que realmente poderá ser atualizado e deixar todos os usuários com o que de melhor a plataforma possui. Mesmo não sendo aquela Brastemp, ainda estou feliz com meu Nokia e seu velho e bom S60. Pelo menos é atualizado constantemente e sem nenhuma burocracia.

Acho que isso só faz o consumidor se distanciar da empresa e queimar o filme do Android, que na verdade nem tem nada a ver com decisões chulas como essa, mas que ao final pegam mal para o sistema operacional.

Até quando seremos trouxas

Às vezes fico me perguntando até quando seremos tratados como palhaços em nosso país. Hoje fui cancelar meu plano 3G na Claro. Após barganhar com a Oi, consegui um preço mais em conta para o Oi Conta Total e  mais alguns benefícios. Portanto não justificava ficar pagando por mais um plano.

Liguei para a operadora (Claro). Fiquei exatamente 35 minutos com o telefone colado na orelha e passei por exatamente 10 operadores, dos quais apenas o último obviamente, cancelou minha assinatura.

Após desligar o telefone, fiz uma reflexão sobre a assinatura tanto na Oi quanto na Claro e concluí que nós, pobres brasileiros somos um bando de trouxas. Isso mesmo, foi assim que me senti. Veja bem. Pelo pacote de 500 Kbps, eu paguei 84 reais mensais. Quando solicitei o cancelamento, foi ofertado um desconto de 20%. Disse que não tinha mais interesse. O atendente então aumentou o desconto para 30% sem compromisso de ficar um ano, podendo cancelá-lo a qualquer tempo. Mais uma vez disse que não queria. Então veio “a proposta”. Me ofereceu 50% de desconto para continuar com o plano.

Nessa hora fiz minha reflexão. Será que realmente andamos pagando o valor justo para esse tipo de serviço? Ô Anatel, acorda! Vê se faz alguma coisa. Será que é tão difícil regulamentar um preço justo por um serviço tão porco que nos oferecem? Se posso pagar 42 reais para não cancelar o plano, porque esse preço não é praticado desde o início? Essa é a dura vida dos brasileiros!

Momento nostalgia

Na nota fiscal, a data de emissão é 13 de fevereiro de 2000, julgando que os correios entregam as mercadorias em três dias úteis em minha cidade após a remessa, foi numa quarta-feira, dia 16 daquele mês, que eu recebi a encomenda com o Conectiva 5 e tive meu primeiro contato com o mundo Linux.

Hoje baixou uma nostalgia tremenda por aqui. Procurando uns livros, acabei encontrando minha coleção pessoal de Linux. Parece estranho dizer assim, mas tenho as cinco caixas do Conectiva Linux, da versão 5 até a 9 e guardo-as com muito carinho. A versão 10 eu baixei, tenho apenas a imagem e posso dizer com muito orgulho que ajudei em seu desenvolvimento, reportando alguns bugs nas versões de teste. Essa última foi, pelo menos que eu me lembre, a versão onde os usuários colaboraram maciçamente no desenvolvimento e, por uma armadilha do destino, foi a última liberada pela saudosa Conectiva antes de ser comprada pela Mandrake.

As versões do Conectiva Linux, da 5.0 até a 9

Naquele ano (2000), num papo entre amigos, em frente a uma funerária, isso mesmo, uma funerária! Ouvi as primeiras menções sobre Linux. Jamais eu tinha visto falar sobre o sistema. Chegando em casa fiquei ansioso para o relógio marcar meia-noite, afinal, conexão discada era só depois da zero hora, senão a conta de telefone vinha salgada.

Quando conectei, minha primeira providência foi descobrir o que era o tal de Linux e como eu poderia ter contato com ele. Nessa época eu já tinha muita facilidade com computadores. Rodava o Win98 no meu Pentium MMX de 200Mhz, com 32 MB de RAM e  dois HD’s de 2G. Também dava meus primeiros passos no Corel 5. Nas horas de folga jogava Indycar Racing da Papyrus e digitava trabalhos escolares e de faculdade para os amigos. Lembro-me que naquela época as buscas eram feitas no Cadê que em terras brasileiras reinava absoluto, algumas outras eram feitas no Altavista. Google? Naquela época tava engatinhando ainda! Quando fui refinando minha pesquisa, encontrei alguns sites bem interessantes em português que tratavam com maturidade sobre Linux. Incluo nesse rol o Br-Linux, lembro-me que juntamente com o site Linuxall.org, que hoje nem existe mais, foram meu suporte por muito tempo, onde busquei muitas informações sobre como instalar e manipular o sistema, inciando assim minha jornada nesse maravilhoso universo.

Pesquisa daqui, pesquisa dali, achei o site da Conectiva. Li tudo que pude. Devorei todas as informações e fiquei eufórico ao ver as capturas de tela do sistema que eles disponibilizavam. Durante aquela semana eu procurei todo o tipo de informação sobre Linux. Muitas páginas eram em inglês. Existia uma boa quantidade de material, porém nada que se compare ao que encontramos atualmente. Tudo que eu lia ia para a impressora. No final montei um livro com o material impresso para servir de referência e suporte. Mesmo com todas as pesquisas e uma boa coleção de sites, ainda não estava seguro em comprar a caixa para testar.

Nessa época eu assinava o jornal Estado de Minas. Todas as quintas-feiras eles publicavam o caderno de informática. Sempre gostava de ler esse encarte. Foi através dele que tive o estímulo necessário para comprar de vez o Linux, e encarar de frente o pinguim. A matéria era bem esclarecedora e dava uma visão completa do SO. Um detalhe, eles foram categóricos em dizer que o sistema era imune a vírus. Acreditem, já se passaram 10 anos e seis meses e realmente nunca tive nenhum tipo de problema com pragas virtuais. Naquele mesmo dia pedi minha caixa do Conectiva 5. Foi minha primeira compra on-line!

Caixa do Conectiva Linux 5.0

Quando a encomenda chegou, a vontade era de instalar e começar a aprender sem perder nenhum minuto. Mas contive a ansiedade e tive a paciência de ler todos os manuais e me assegurar que não perderia meus preciosos dados. Nessa época eu não tinha o hábito de fazer becapes, mesmo porque tudo era em disquete. Meus 200 MB de besteiras digitais, incluindo-se aí artes gráficas, músicas e trabalhos digitados ficavam no segundo disco rígido. A ideia inicial era particioná-lo e garantir os 850 Mb para a instalação do sistema operacional. Ou seja, 1 giga para minhas quinquilharias digitais e 1 giga para o novo sistema operacional. A ideia era essa, mas na prática eu fiz bobagem. Não copiei nenhum dado pro primeiro disco e acabei apagando as informações com a instalação, sem mencionar que particionei e instalei errado. A fúria foi compensada pela alegria de após mais três tentativas e o acionamento do suporte, ver a tela de login subir e poder dar meus primeiros passos nesse mundo fantástico do Linux.

No início apanhei muito, não posso negar. Tive altos e baixos no meu aprendizado. Fiquei apaixonado com o KDE 1.1.2 e detestei o GNOME e o Windowmaker. O Star-office da Sun era a suíte de escritório que acompanhava o SO e abria uma segunda área de trabalho que deixava o sistema bastante lento. O kernel na época era o 2.2.13-10cl e não consegui fazer meu maldito winmodem conectar na internet para atualizar o sistema. No pacote vieram seis cds, sendo o 1 e 2 com os binários e documentação, o 3 e 4 os códigos fonte e o 5 e 6 com os aplicativos comerciais. Em resumo, apesar das dificuldades iniciais e de adaptação, fui aos poucos pegando gosto pelo sistema e não parei mais. Comprei no ano seguinte a versão 6, a primeira com apt-get para pacotes RPM, depois as versões 7, 8 e 9. Depois da versão 10 pulei de galho em galho tentando encontrar uma distribuição que me atendesse satisfatoriamente, mas isso é outra história. Hoje uso o Ubuntu e estou bastante contente com a evolução do Linux, mas uma coisa não posso negar, eram bons aqueles tempos, apesar de toda a dificuldade em deixar o sistema redondinho.