A Apple e sua mania de matar as coisas

Que a Apple faz um bom hardware, disso ninguém duvida. Lógico que as vezes ela tropeça em algumas escolhas e acaba deixando os usuários furiosos. Outra coisa que ela também faz com maestria é matar seus produtos, o que frustra bastante seu público. Ano passado senti isso quando meu guerreiro, um MacBook Air de 2014 ficou fora da atualização do Monterey. Sim, fiquei chateado. O aparelho ainda tem gás pra muita coisa. Fizeram isso talvez pelo fato da mudança de plataforma (sai Intel entre Apple Silicon) e isso de alguma forma já era esperado, mas é foda (desculpa a expressão) ver um produto que ainda tem fôlego não receber novas versões do sistema operacional. Pra minimizar, até tentei rodar o Linux no Air, mas confesso que não me agradou.

Semana passada, zapeando pela net encontrei um vídeo no Youtube ensinando a instalar a versão mais atual do macOS em Macs antigos. Tive uma experiência frustrante algum tempo atrás quando tentei instalar o Catalina em um iMac de 2009 que rodava o El Capitan. Desde então, sempre desconfiei da efetividade dessas instalações. Na época o iMac ficou horrível e acabei vendendo.

O vídeo que me refiro e que pode ser acessado aqui , e trás uma nova dinâmica de instalação beeeeem mais simples do que a experiência anterior. Movido pela curiosidade, acabei tomando coragem e após ler a documentação do projeto e entendendo como as coisas funcionam, acabei criando o pendrive de instalação do Monterey. Acreditem é muito simples em relação a outras soluções que já vi por aí.

Hoje completo uma semana de uso intenso do macOS 12 em meu Air de 2014. O aquecimento, algo recorrente no Big Sur simplesmente acabou. O sistema roda absurdamente fluído, lógico, considerando o hardware da época, um i5 com 4GB de RAM e SSD de 480 GB, mas posso dizer que não perde em momento algum em relação ao Big Sur. Senti também um pequeno aumento na vida útil da bateria. Sinceramente, ficou perfeito, melhor do que imaginava e esperava. Pensa num sujeito feliz com tal mudança.

Na página do projeto no Github são disponibilizadas informações sobre o trabalho desenvolvido, inclusive já mencionam sobre o que vem sendo feito com o macOS Ventura e as dificuldades em função das mudanças implementadas pela Apple para a nova versão. Existe também muitas outras informações úteis. Vale a pena dar uma boa olhada caso seja do seu interesse.

Não dá pra saber se meu Air rodará o macOS 13, sistema que deve ser o último a ser disponibilizado para a plataforma Intel. Finalizando, estou deveras satisfeito em conseguir dar uma sobrevida a um hardware esquecido pela Apple. Pena que os dias do Monterey estão contados, pelo menos em termos de sistema atual, mas tá valendo.

Compartilhando e acessando com o Samba

Compartilhar arquivos em rede é sem dúvida uma tarefa que simplifica a vida de qualquer usuário, seja em casa ou no trabalho. Pra quem usa o GNU/Linux a ferramenta responsável para tal é o Samba.

Pra contextualizar, o Samba é um software que proporciona o gerenciamento e compartilhamento de recursos em redes com sistemas Windows, proporcionando não só o acesso a essas máquinas como também fazer o compartilhamento de pastas e arquivos em máquinas com o GNU/Linux e outros sistemas UNIX.

Como o processo de atualização do Samba 4, houve a necessidade de se fazer intervenção manual nas configurações do arquivo “/etc/samba/smb.conf”, vez que não há permissões para negociações de protocolos mais antigos, sendo necessário acrescentar duas linhas no arquivo “smb.conf” conforme imagem abaixo.

Visão geral do arquivo “smb.conf”

O processo de atualização do arquivo consiste em adicionar duas linhas na seção Global Settings. Para isso, no terminal digite: sudo nano /etc/samba/smb.conf e na seção mencionada insira as seguintes linhas sem aspas:

client min protocol = NT1

server min protocol = NT1

Terminada a edição do arquivo “smb.conf”, basta salvar usando “ctrl + O” e sair “ctrl + X”.

Na maioria dos casos a solução já resolve o problema, permitindo ao usuário acessar as pastas compartilhadas de outras máquinas na rede. Porém, recentemente o Debian/Sid recebeu algumas atualizações do Samba que fizeram com que o acesso as pastas compartilhadas deixasse de funcionar, gerando a mensagem conforme imagem abaixo.

Erro ao tentar acessar compartilhamento no Samba da maneira tradicional usando o Nautilus

Fiz inúmeros testes e pesquisei bastante sobre o ocorrido, porém não encontrei nenhum tipo de menção e/ou informação que levasse a uma solução. Durante os inúmeros testes, experimentei a mais simples das soluções, utilizar o caminho do compartilhamento no Nautilus, fazendo o seguinte:

Adicionando o caminho do local a ser acessado pelo Nautilus

Conforme a imagem acima, clicando em “Outros locais” no final da janela do Nautilus, em “Conectar a servidor” insira o caminho – smb://nome_usuario@endereço_IP/nome_volume_compartilhado – devendo ser observado que o usuário é aquele cadastrado na máquina que realiza o compartilhamento. Se a pasta compartilhada for em um sistema Windows, utilizar as informações do usuário. Se for um NAS, utilizar as informações do usuário cadastrado previamente. Deve-se colocar também o endereço IP do acesso, caso contrário não será possível finalizar a ação. Por fim, colocar o nome da pasta compartilhada, lembrando que o sistema é case sensitive, observando se está em maiúsculo e/ou minúsculo. Feito isto, após inserir as informações, abrirá uma caixa onde deverá ser digitado a senha de acesso. Se tudo correr bem, o acesso será liberado sem maiores problemas e você terá acesso novamente aos seus arquivos em rede.

Antes de finalizar, alguns esclarecimentos. As configurações do Samba foram feitas no Debian Sid e no Fedora 36, portanto, acredito que funcionará em qualquer outra distribuição. É necessário ter o Samba instalado para que o acesso funcione. Nas demais interfaces (KDE, XFCE, Mate, etc..) procurar o caminho relacionado a REDE para que seja inserido o endereço para acesso ao compartilhamento.

Essa postagem te ajudou? Se positivo, deixe seu comentário e compartilhe ela em suas redes sociais para ajudar outras pessoas. Até a próxima!

[]’s

E agora? Ferrou tudo.

Quando pinta uma tela de atualização de um sistema operacional, o povo fica eufórico! É comum quando novos softwares são lançados, os usuários correrem para atualizar. Nada melhor que novidades, especialmente quando são implementadas as tão solicitadas melhorias e principalmente, mudanças na interface gráfica. Tem gente que perde até o sono.

Já passei por essa fase. Confesso que nada mais agradável, ou não, em experimentar novidades. Sempre que um lançamento era disponibilizado, eu tava lá, pronto pro download. Porém, atrás das novidades sempre surge a dor de cabeça. Recordo de uma atualização do Ubuntu. Como sempre, curioso, nas vésperas de apresentar um trabalho na faculdade, não superei o desejo de instalar a nova versão e pimba. Ferrou tudo. Por sorte, apesar do aborrecimento, tinha becape do que precisava. Dureza foi ter que reinstalar o sistema antigo e reconfigurar na unha os drives da placa de vídeo que não era suportada. Maldita VIA.

Mês passado foi bastante agitado no universo dos sistemas operacionais. Foi lançado o Windows 11, o Ubuntu 21.10 e o macOS 12 (Monterey). Para amanhã (02/11), está previsto o lançamento do Fedora 35. Ambos os sistemas estão cheios de novidades. Certamente isso será motivo de upgrade. Porém, vale lembrar que nem sempre a mudança poderá se comportar da maneira que o usuário espera.

Em todos os sistemas que mencionei, da pra fazer a upgrade, ou seja, baixar a nova versão sem precisar formatar. Na moral, se eu fosse você não faria isso! Sério mesmo. Por mais que os desenvolvedores afirmem que é tranquilo e seguro, sempre pode dar errado. Não é pessimismo, é real. Vai dar errado! Acaba que algo não acontece conforme deveria e podem surgir diversos problemas, principalmente com incompatibilidade de drives e, assim, acabará ferrando com seu computador. Se você não tem experiência e habilidade, considere isso, apesar que formatar do zero é um saco.

Microsoft sugerindo a upgrade do Windows 11. Se eu fosse você eu esperava!

Normalmente quando se atualiza um sistema operacional fazendo upgrade, é necessário considerar vários fatores. O primeiro deles tem haver com espaço em disco, afinal, é preciso baixar um arquivo de tamanho considerável, o qual ocupará uma grande parcela de seu disco, devendo sobrar espaço suficiente para que ocorra a troca do sistema. Não havendo tal espaço, pode, não quer dizer que é regra, acontecer algum problema e o novo sistema não ser instalado. Considere que, com a upgrade, haverá uma troca. Sai o antigo, entra o novo. Sistemas Operacionais são complexos e nessa hora, se der algo errado, você poderá enfrentar problemas e sua máquina simplesmente morrer, sendo necessário ajuda técnica especializada. Avalie também se já existem drives compatíveis para o novo sistema.

Por fim e não menos importante, é sabido que novos lançamentos de sistemas operacionais, por mais que sejam testados pelos desenvolvedores, sempre ficará algo por fazer, o que poderá impactar na upgrade e consequentemente no bom funcionamento da máquina. No caos do Windows 11 por exemplo, foram identificados inúmeros problemas como a nova barra de tarefas, há relatos de problemas no sistema de pesquisa, vazamento de memória, internet lenta além de problemas com CPUs da AMD, dentre outros que estão deixando os usuários frustrados. Não que uma instalação limpa resolverá tais problemas, os quais são pontuais e atingiram alguns usuários, mas lembre-se, isso pode acontecer com qualquer um, afinal, é uma pancada de hardware que o Windows suporta. Lembre-se também que existem requisitos de hardware para que o novo sistema seja instalado. Considere também fazer o teste de compatibilidade.

Já no caso do macOS 12, foram relatados problemas com docks e hubs USB-C. No Ubuntu 21.10, até então, a principal insatisfação talvez esteja no uso dos SNAPs (Firefox), pacotes padrão criados pela Canonical e também com problemas de travamento no GDM além é claro da mudança para o GNOME 40. Não que isso seja um problemão, mas de certa forma impacta no cômputo final. Mudanças geram resistência.

Dizem que se conselho fosse bom, não se dava, se vendia, mas se você deparar com alguma tela de atualização para seu sistema, seja qual for, pense bastante antes de fazer a upgrade, afinal, seguro morreu de velho e se você utiliza seu computador para trabalho e não possui outra alternativa, é sempre prudente aguardar o amadurecimento do software e esperar para a próxima atualização. Porém, se ainda não se aguentar, a coceira for maior que a prudência, não esqueça de fazer um becape de seus dados e torcer para que tudo ocorra como deveria, não se esquecendo, claro, que a instalação limpa, ainda é melhor que uma upgrade.

Até a próxima!

[]’s

De volta pro aconchego

Após nove meses, eis que resolvi voltar aqui pra falar um pouco sobre o blog e meus possíveis projetos para ele. Nove meses é uma gestação, daí, ao longo desse período, entre altos e baixos, adiei por algumas vezes retomar o projeto e tocar em frente a ideia inicial que sempre foi escrever sobre Linux e tecnologia em geral. Acho que agora vai nascer!

Todo sumiço sempre vem acompanhado de uma boa ou má desculpa. Falta de tempo, falta de assunto, falta de inspiração. Isso, aliado a comodidade, acaba fazendo com que deixemos na gaveta aquele projeto que nem sempre foi prioridade e que com o tempo, empoeira na memória. Isso é ruim, afinal, quem não é visto, não é lembrado.

Quando iniciei o blog, lá no ano de 2007, estava cursando o terceiro período do curso de Sistemas de Informação. Foi num sábado, num rompante. Pariu! De lá pra cá, muita coisa boa e ruim aconteceu. O fato é que consegui perder o medo de escrever e comecei a botar pra fora minhas ideias. Se agradei, bom. Se não, ao menos tentei deixar minha opinião. Partindo do princípio de que o blog é um repositório de ideias, quando volto nas postagens antigas, vejo o quanto de valor foi agregado, especialmente na minha maneira de ver as coisas.

A penúltima postagem – peguei ela como referência de decadência – foi uma maneira de tentar manter viva a ideia inicial. Escrever sobre minhas experiências. Já a última, diria que foi a pá de cal. Se for contabilizar a audiência nos últimos tempos, seria inclusive motivo para salvar o conteúdo num arquivo ZIP e excluir a página. Mas pensando bem, nunca me apeguei em números e de alguma forma se tivesse tomado tal atitude, estaria frustrado e o principal, indo contra o que pensava e ainda penso, afinal, desde que iniciei este projeto pessoal, sempre o fiz pensando que eu conseguiria vencer meu medo de escrever para algum público. Acho que consegui algo. Foram 322 postagens ao longo desses anos, com postagens que bateram recorde de acesso, como por exemplo meu relato sobre upgrade de SSD no meu antigo MacBook. Enfim, foi bastante produtivo e gerou bastante discussão.

Os últimos 18 meses foram interessantes. Desculpa por falta de tempo para produzir conteúdo aqui não vai colar. Os que me conhecem sabem bem que tempo é o que mais tenho. Após cumprir com êxito minha carreira profissional, me aposentei no início de 2020 e desde então tenho me dedicado a cuidar de minha esposa, de minha filha e de minha vida. Apesar de dispor de tempo, mesmo assim não dediquei a este modesto blog algum momento para fazer ele funcionar como deveria. O bom da internet é que escreveu e publicou, tá ali. Os motores de busca sempre vão direcionar a ele, mas quanto menos atividade, mais fadado ao esquecimento fica.

Nesse meio tempo, após a merecida aposentadoria, não parei de estudar e me atualizar sobre os assuntos que sempre gostei. Aproveitei também para finalizar uma pós graduação em Redes e Segurança, iniciei também vários cursos na área de segurança, front-end, infra, cloud e até arrisquei no marketing digital. Por fim, iniciei esse mês mais uma pós na área de Segurança da Informação, assunto que sempre me agradou e que está em alta. Não sei onde vou parar, afinal, estudar é algo que sempre gostei e me motiva. Dito isso, estou de volta pro meu aconchego e com muitas ideias na cabeça. Pretendo, não sei com qual frequência, voltar a registrar aqui no blog minhas experiências com a tecnologia e afins, seja dando pitaco com minhas opiniões, escrevendo algo relevante sobre algum assunto que esteja em voga e também trazendo alguma solução que me atendeu e que pode lhe ajudar também. Que não seja promessa de fim de ano! Vida longa ao blog e feliz em voltar a escrever por aqui. Que vocês tenham paciência!

Saúde e paz a todos!

[]’s

Não compre na Kabuco!

Saudações, rapaziada! Após um longo tempo sem postar nada aqui no blog, resolvi relatar uma experiência não muito agradável que tive nos últimos dias, especialmente para alertar as pessoas sobre um golpe que tem sido recorrente e muitos acabam caindo pela falta de maldade e em busca de soluções mais baratas.

Pensei muito se escreveria ou não este relato. Consegui estornar o que seria meu prejuízo, mas não posso me calar diante do que vem acontecendo e não dar minha contribuição para que você fique informado e não seja a próxima vítima.

Tudo começou quando recebi um alerta de que a versão do Office instalada em meu MacBook não receberia mais suporte e que deveria atualizar para uma versão mais nova. Sempre usei softwares originais e no caso do MacBook, trabalho com ele dando consultoria, por isso a necessidade do Office. Não concordo e nem apoio o uso de softwares piratas. Essa é uma atitude que venho combatendo um bom tempo e como prestador de serviços de informática, oriento aos meus clientes a necessidade de investir em software original para evitar dores de cabeça.

Como de costume fui olhar os preços e encontrar algo mais em conta que os preços praticados na Microsoft Store. Bom, você deve estar se perguntando porque um usuário Linux, com um bom tempo de uso por sinal, vai gastar grana para comprar um Office da Microsoft para seu uso tendo ótimas soluções livres como o LibreOffice que atende perfeitamente a demanda e tem versão para macOS. Ocorre porém que além da prestação de serviço de manutenção de computadores, como mencionei, dou consultoria em algumas empresas e necessito do Office para determinados serviços, o que neste caso o LibreOffice não atenderia bem minha necessidade. Até tentei fazer alguns ajustes mas não deu certo, então, para não ter que instalar o Windows, optei em manter pelo menos o Office no Mac.

Feito isto, fui em busca de soluções que estivessem mais em conta. Um detalhe, jamais troque o certo pelo duvidoso! Isso não é regra, mas as vezes o barato sai bem mais caro. Após uma busca encontrei alguns sites que ofertavam a versão 2019 do Office Home Business para macOS por um preço bem camarada. Acabei encontrando algo. Gastei um bom tempo pesquisando, olhando se o site era realmente confiável, compra segura, parceria com a Microsoft até ter a certeza de que estava tudo ok. Enfim, não titubeei e fiz o pedido, realizando o pagamento pelo cartão de crédito.

O site ostenta a informação de ser certificado pela Microsoft, no entanto, como a MS certifica uma empresa que vende produtos com origem duvidosa?

Realizada a compra aguardei os e-mails de confirmação da validação do negócio e orientações de download, o qual normalmente já vem com a chave de ativação e nota fiscal. Empresa séria trabalha desse forma. Por este software paguei R$199,90. No site da Microsoft Store o Office 2019 Home Student para macOS sai por R$499,00 e a mesma versão adquirida por R$899,00. Tá, você deve estar pensando – esse manolo queria algo bacana por menos da metade do preço? Não tá sendo ingênuo o suficiente para perceber que se trata de um possível golpe? Te respondo que num primeiro momento não atentei sobre isso, é sério! Apesar de minha longa experiência em comprar online, dessa vez passou batido. Nunca comprei nada antes sem visitar nosso amigo Reclame Aqui e me certificar que é realmente segura a compra. Dessa vez eu pisei na bola. Sabe aquele segundo de bobeira? Pois é, caí nele.

Normalmente compras de software por download, após aprovadas, seja pela validação do boleto pago ou autorizadas pela administradora do cartão terminam com o envio de um e-mail com a nota fiscal e com as chaves de autenticação. Em alguns casos é necessário inclusive entrar o sistema da empresa que desenvolveu o software para validar essa chave. No caso da minha fatídica compra, recebi um e-mail preliminar mencionado que a operadora do cartão havia liberado a compra para o Mercado Pago. Achei estranho. Ali comecei acreditar que algo não estava normal. Esperei mais algum tempo e após uma hora da compra chegou um e-mail orientando como proceder o download e a validação. Nessa hora eu tive a certeza de meu prejuízo.

No site onde comprei o Office havia um telefone de contato, o qual serve também para ser usado com o WhatsApp. Na mesma hora que vi a bobagem que fiz tentei uma ligação e para minha surpresa, linha desligada. Parti para o WhatsApp e mandei algumas mensagens. Também nada! Enquanto aguardava uma reposta que não chegou naquele dia iniciei uma pesquisa no Reclame Aqui e nesse momento assinei meu atestado de burrice. Uma coleção de reclamações sobre a Kabuco. Licenças inválidas, softwares piratas, sem falar que a grande maioria das reclamações não tinham resposta e nem solução. Muitos devem estar rindo de mim. Tem que levar prejuízo mesmo! Resumindo foi o barato que quase saiu caro. Foram duzentos reais, dinheiro suado, ralado e que ninguém acha na rua ou ganha de graça. Nesse momento a ira tomou conta. Se tem algo que abomino é esse tipo de golpe. Já fui vítima noutra ocasião, onde após usar meu cartão uma única vez para adquirir um produto em uma loja online, meses depois ganhei uma despesa de cinco mil reais em compras de entradas para os jogos olímpicos no Rio de Janeiro. A partir desse dia mudei completamente minha maneira de comprar. Passei a pesquisar a reputação das lojas, reclamações, sempre me certifiquei da segurança do site e tudo que podia para evitar qualquer tipo de transtorno. Falhei feio! O jeito era correr atrás do prejuízo.

Deixei o final de semana passar. Antes porém abri uma reclamação/contestação da compra junto ao banco. Aqui abro um parêntese. Não ganho nada com isso e nem estou fazendo propaganda, mas nesse quesito o Nubank da show de competência e seriedade. Tão logo abri a reclamação já recebi o suporte necessário. Tive que encaminhar cópia do material que tinha em relação a compra. Já havia printado o site ofertando um produto e encaminhei os e-mails reebidos, relatando toda a situação. De cara já foram honestos em dizer que não seria fácil estornar o valor, mas fariam todo o possível.

Detalhe do email enviado para download do Office 365 com uma conta e senha previamente criada. No detalhe, link do YouTube ensinando validar a instalação.

No e-mail que mencionei sobre o download e código de ativação, em seu conteúdo o golpista encaminhou um link para acessar os serviços do Office 365, uma conta de e-mail e uma senha previamente cadastrada. Teria que acessar o site com esse e-mail, validar o acesso e baixar a versão daquele software. Um detalhe, não recebi nenhuma nota fiscal da compra. Existia também um link do YouTube ensinando o procedimento de validação. Ao acessar a conta, notei que não se tratava do Office 2019, fato já confirmado no teor do e-mail. No cadastro para uso do software, verifiquei que o produto estava configurado por uma empresa tal ponto org, ou seja, uma empresa inexistente. Nada a ver com meu cadastro e dados disponibilizados durante a compra. Meu caro leitor, nessa hora eu fiquei mais puto ainda. Me dei mal na compra, sei que falhei em querer algo mais barato, mas o golpe é tão mal feito, tão amador que não acreditei que havia caído. Respirei fundo e comecei a pensar em como agir para recuperar meu suado dinheiro, afinal, o banco não me garantiu que a quantia seria estornada.

Na segunda-feira, após responder mais alguns e-mails e encaminhar informações complementares para suporte do banco, de cabeça fria, resolvi agir de maneira a conseguir algo mais palpável em relação a tal empresa. Minha primeira providência foi telefonar para o número disponibilizado no site, mesmo sabendo que poderia estar desligado. Para minha surpresa uma secretária eletrônica atendeu, mandou digitar alguns números e terminou a ligação dizendo que o único ramal disponível estava ocupado. Fiz isso inúmeras vezes até perceber que não conseguiria nada mais do que ouvir uma gravação. Tentei ligações pelo WhatsApp, também sem sucesso. Voltei ao site da compra novamente para achar algo e me veio a ideia de pegar informações do registro do site. Usando o whois descobri algumas informações bastante úteis de quem havia registrado o domínio, além é claro do CNPJ. Essas informações foram úteis para registrar um boletim de ocorrência virtual junto a Polícia Civil de São Paulo, mesmo sabendo que tais dados poderiam ser falsos arrisquei. Como sou da área de segurança pública e o que relatei no histórico do boletim foi fiel aos acontecimentos, esse registro será muito útil em algo futuramente.

No detalhe o resultado da pesquisa o whois do registro do domínio da Kabuco e Positivo Keys

Ainda no site da empresa, percebi que o sistema de chat online, aquele iconezinho verde que fica no rodapé do site estava online. Era o que eu precisava. Ao iniciar o chat recebi uma mensagem automática que deveria descrever minha necessidade. O primeiro questionamento que fiz era como funcionava o sistema de compra por download e a liberação. Do outro lado, um suposto Bruno respondeu que o envio era feito após a compra. Questionei então sobre o suporte em caso de problemas. O atendente então disse que o suporte seria pela loja, algo que raramente acontece, basta ler os relatos das vítimas que procuraram ajuda no Reclame Aqui.

O responsável pela venda relata que o comprador terá todo o suporte em caso de problema, o que na verdade não acontece e pode ser comprovado no site Reclame Aqui

Enquanto conversava com o sujeito, tomei o cuidado de ir printando a tela. Era algo que poderia me ajudar na contestação e também para ajuizar algo contra a loja. Satisfeito com as repostas e com o material que necessitava, disse que tinha mais uma dúvida, foi aí que questionei sobre minha compra, o e-mail encaminhado, as mensagens não respondidas pelo WhatsApp e cancelamento/estorno. Nesse instante aconteceu o que eu temia. A conversa foi encerrada e o chat ficou offline. O que eu queria, já tinha em mãos. Enquanto registrava a ocorrência e relatava todas essas informações, notei o chat online novamente. Resolvi tentar mais uma investida. Entrei, fiz perguntas aleatórias sobre alguns softwares, suporte e na medida que tentava apanhar mais informações e ia printando a tela, decidi infernizar eles de vez. No e-mail que recebi com orientações de como baixar o software, respondi o mesmo para o remetente com um texto bastante atrevido cobrando o cancelamento e estorno do valor pago. Foram mais de cem envios. Ao mesmo tempo, pelo whatsapp iniciei o mesmo bombardeio de mensagens com o mesmo teor, antes porém, mandei uma singela foto do registro do boletim de ocorrência. Foram horas a fio de e-mails, mensagens pelo mensageiro eletrônico e também pelo chat do site. Num determinado momento recebi a confirmação de leitura de um dos e-mails encaminhados, coisa que até então não havia acontecido. Continuei mandando mensagens nos três canais até que no chat da loja o suposto Bruno mandou que eu solicitasse o cancelamento da compra através do e-mail suporte@positivokeys.com.br. Um detalhe, o site Positivo Keys tem a mesma estrutura do site da Kabuco. Creio que existe uma rede bem estruturada de sites vendendo gato por lebre por aí e dando o golpe a rodo nas pessoas. Não aceitei tal proposta mencionando que não havia feito negócio com essa outra loja.

Comparativo entre o site da Kabuco e Positivo Keys, ambos com uma coleção de reclamações no site Reclame Aqui

Continuei exaustivamente meu processo de envio de mensagens e e-mail. Eu tinha que conseguir algo. Pelo WhatsApp mudei o tom da conversa, peguei mais pesado. Repentinamente surge na tela do bate papo do site uma print da tela do tal Bruno. Na imagem havia a informação que o pedido tinha sido cancelado e o dinheiro seria devolvido. Dei um prazo até as dezessete horas daquele dia. Caso o banco não se manifestasse sobre o cancelamento da venda até o horário estabelecido, o que não aconteceria, visto que existe um prazo regulamentar, tomaria outras medidas mais duras. Fiquei mais algum tempo encaminhando as mensagens e dando uma verdadeira canseira neles. O jeito era aguardar o dia seguinte.

Print encaminhado pelo vendedor mencionando sobre a devolução do valor da compra. Para uma empresa realmente séria, na hora do expediente assistir o YouTube daria uma bela justa causa!

Bom, antes de terminar, peço desculpas pelo textão. Se resumisse, talvez deixaria algo passar. Só fiz este relato para ajudar. Todo cuidado é pouco. Errei em não me atentar que poderia cair em um golpe e em querer algo com o preço bem aquém do real. Na verdade, experiências como esta nos faz repensar hábitos e atitudes e nos mostra o quanto somos vulneráveis quando deixamos de adotar certos cuidados na internet, em especial a curiosidade e barganha de preços. Dinheiro não cai do céu. Sabemos bem o que é ralar para conquistar as coisas. Duro é ver pessoa como estas do site Kabuco, Positivo Keys e tantos outros dar golpe todos os dias. No dia seguinte, pela manhã, recebi a confirmação do cancelamento da compra. Fiquei satisfeito e aliviado. Consegui meu objetivo e certamente ficarei mais esperto com qualquer compra online. Conversei com meu advogado. Vou levar adiante o desejo de responsabilizar judicialmente esse pessoal. Ainda não sei se vai dar certo, o que pretendo é que sites como este sejam retirados do ar e que esse tipo de pessoa seja responsabilizada. O meu dinheiro eles não levaram, mas creio que tantos outros que caíram no mesmo golpe continuam sem uma solução para o problema. Isso que incomoda. Só no Instagram já vi dezenas de propagandas ofertando softwares caríssimos por preço de banana. Denuncio todos e incentivo a você fazer o mesmo. Se vai dar resultado ou não, isso já é outra história. Ao menos fizemos algo. O fato é que não podemos deixar isso correr solto por aí, fazendo novas vítimas todos os dias, enquanto esses malandros continuam a roubar nosso suado dinheiro. Se você teve a paciência de chegar até aqui, só te peço uma coisa. Compartilhe esse relato. Vamos derrubar essa rede de criminosos online. Daqui sigo denunciando e tentando fazer algo para que isso não continue acontecendo, nem comigo e nem com ninguém.

Abaixo deixo algumas matérias que julgo serem úteis e complementam meu relato. Todo cuidado é pouco. Valorize seu suado dinheiro e evite cair em golpes. Até a próxima!

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